quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Quem ama mesmo, quer amar para sempre

Nenhuma pessoa pode amar de verdade só por um momento. Quem ama mesmo, sempre quer se abandonar, entregar-se, confiar-se, comprometer-se a amar para sempre. Quem ama de verdade quer que seu amor seja para sempre. O verdadeiro amor quer transcender o tempo, quer se eternizar e, para isto, está disposto a entregar sua liberdade de escolher outro amor. Todo o amor verdadeiro, portanto, tem a forma interior dum voto, dum compromisso sagrado, dum “querer”.

O sentimento, a “paixão”, acompanha o amor por algum tempo. Mas, a “paixão”, como a própria palavra indica, “passa”. O que não passa é o “querer” o outro, tal como ele ou ela é. Mais do que isto, de querer o bem do outro acima de tudo. Por isto, professar “votos” matrimoniais é o ato gratuito por meio do qual cada um dá ao outro tudo que é seu. Isto só é possível não porque encontramos o parceiro ideal ou porque nos sentimos “bem” com o outro, mas porque fomos criados por Deus com a capacidade e o desejo profundo de amar incondicionalmente, de mergulhar no amor e ser por ele envolvido.

Tudo nas nossas vidas é preparação para a autoentrega que ocorre através da profissão dos votos. Essa autoentrega é tão completa que só pode ser comparada à morte. Assim, no matrimônio que é fruto do amor verdadeiro, marido e mulher, consciente ou inconscientemente, sabem que tudo nas suas vidas que precedeu seu casamento foi uma preparação para uma nova forma de vida que se constituiu através da troca dos votos matrimoniais. Todas as experiências e memórias que formaram o passado de um e do outro são agora percebidas como um “presente” de um para o outro.

Por outro lado, a “morte-para-si-mesmo” que está envolvida na troca de votos é geradora de vida. Na forma do voto, o amor verdadeiro é capaz de incluir não só tudo o que passou, mas também tudo o que virá. Cada evento futuro, especialmente aqueles que exigirão novas formas de autoentrega, revelará novas facetas da realidade de um e do outro; realidade esta que foi entregue de um para o outro na forma dum voto.

Será preciso toda uma vida juntos para que marido e mulher entendam a verdadeira natureza da entrega recíproca que constitui a comunhão conjugal. O que é dado neste “presente” que um faz para o outro para todo o sempre – um presente que envolve morrer para a vida fora dessa comunhão – é precisamente uma nova vida.

Essa nova vida, porém, só pode ser construída sobre um humilde reconhecimento das nossas limitações e fraquezas das quais emana a súplica de todo o amor verdadeiro: “Senhor, faz de mim um canal permanente da Tua presença para minha amada. Que o Teu amor infinito misericordiosamente transfigure e sustente o meu amor por ela. Amém.”

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