domingo, 14 de agosto de 2011

Sobre paternidade responsável


O amor conjugal cristão é chamado a refletir, em todos os seus aspectos, inclusive no da união sexual dos cônjuges, a disponibilidade para gerar nova vida. Essa ligação essencial entre amor e fecundidade se manifesta com clareza no fato da união sexual, pela sua própria constituição, estar aberta à possibilidade da geração duma nova vida. Há uma interpenetração entre o ato sexual e a abertura para a vida.

No ser humano, entretanto, o vínculo entre o amor e a fecundidade está sob a tutela da liberdade humana, do livre arbítrio. Para os animais, a reprodução acontece sob o comando do impulso cego do instinto. Para nós homens, ao contrário, a disponibilidade para sermos canais transmissores de vida depende duma decisão: a de querermos ou não. Para o homem e para a mulher, a vida que Deus poderá criar  através deles não depende dum impulso de desejo ou do instinto, embora desejo e instinto façam parte da nossa natureza humana.

Por isto, a maternidade e a paternidade humana são sempre “responsáveis”. Somos “responsáveis” pelas nossa decisões. “Respondemos” afirmativa ou negativamente pelos nossos atos à vontade de Deus. Somos por Êle chamados, como esposos, a procriar, isto é, a nos constituir em co-operadores do amor de Deus criador, bem como testemunhas deste amor.

Nós, católicos, não somos obrigados a ter o maior número de filhos que a biologia permita, como muitos pensam.  Somos todos convidados à uma fecundidade generosa, mas responsável. Uma fecundidade que leve em conta as circunstâncias objetivas do casal: emocionais, físicas, econômicas e socioculturais.

Hoje em dia, porém, é muito difícil avaliar essas que chamei de “circunstâncias objetivas”. A cultura moderna argumenta que para a própria felicidade e a dos filhos que terão, os cônjuges devem primeiro dispor dum longo tempo para serem felizes a dois, para assegurarem a renda familiar e estabelecerem em bases sólidas o conforto doméstico. Só depois, é que eles devem pensar em filhos. Nos nossos tempos, os primeiros anos dum casal são marcados não pelo signo da paternidade responsável mas pelo da esterilidade sistemática, infelizmente.

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